terça-feira, 27 de julho de 2010

Memória Esportiva Entrevista - Jonas Eduardo Américo, o Edu

O Memória Esportiva conversou com um dos maiores jogadores da história do futebol brasileira, o ponta Edu. Nascido em Jaú, Jonas Eduardo Américo é um dos maiores atletas da cidade. E você pode conferir um pouco mais da carreira deste jogador e suas opiniões sobre o futebol atualmente.
Rápido Histórico Profissional - Edu jogou pelo Santos (entre os anos de 1966 e 1976) e ainda por Corinthians, Internacional, Monterrey do México, São Cristovão, e por fim no Dom Bosco, em 1985.
Rápido Histórico Pessoal - Edu é casado, não tem filhos e atualmente mora em Santos.

Blog- O senhor começou aparecer para o futebol ainda cedo, aos 16 anos. Como você observa essa exposição precoce, como com o Neymar, por exemplo.
Edu – O fato de ter pouca idade não tem interferência no futebol do jogador. O que importa é se o garoto é bom, por exemplo, o Coutinho jogou no Santos com 15 anos, o Pelé e eu também jogamos ainda novos. O que é importante é que o time tem que ser bom, o treinador tem que saber conduzir o garoto. Outra coisa que não pode acontecer é a comparação. Geralmente a gente compara, Neymar o novo Pelé, Robinho o novo Pelé, isso que não pode acontecer. O Neymar é o Neymar.

Blog – Essa comparação já prejudicou alguns jogadores?
Edu – Já. O Washington por exemplo. Ele quando começou a se destacar no Guarani era tido como novo Pelé. O Washington foi um bom jogador, mas essa comparação prejudicou a carreira dele.

Blog – O senhor nunca jogou em um time europeu. Por quê? Você recebeu propostas?
Edu – Recebi, da Internazionale de Milão. Depois da Copa, o Santos participou de um torneio em Nova York. Nós jogamos contra times importantes como Benfica, Inter de Milão. Eu foi bem, fiz dois gols contra o Benfica, um contra a Inter. Eles queriam me contratar, mas naquela época era mais difícil para o jogador sair do Brasil, além disso o Santos não queria me vender eu era muito novo. A janela de transferência para o futebol italiano estava fechada na época, tinha até um brasileiro lá, o Jair da Costa, e essa janela só foi abrir novamente na década de 1980 com a ida do Falcão pra Roma.

Blog – Hoje é comum os jogadores saírem do Brasil com pouca idade. Você acha que eles deixam de ganhar tecnicamente alguma característica?
Edu – Tecnicamente não. Mas eu acho que eles deveriam ficar mais no Brasil para criar uma identificação maior com a torcida. Por exemplo, quando os jogadores vem jogar no Brasil com a seleção. Eles treinam, jogam e voltam para a Europa. Não há aquela identificação com a torcida, até por isso a cobrança em cima deles aumenta.

Blog – O que mudou no futebol brasileiro de ontem para o hoje?
Edu – Talvez o mais importante seja o condicionamento físico. Antes pra jogar, o jogador precisa ser tecnicamente bom, hoje o jogador tem que estar fisicamente bem, às vezes um jogador ganha mais destaque que outro pelo condicionamento físico. Além disso, hoje falta um trabalho na base melhor, muitas vezes o jogador chega ao time principal despreparado, até porque muitos deles fazem o treino e vão embora. Quando eu jogava, depois que o treino acabava eu ficava treinando sozinho, depois na hora do jogo ficava mais fácil.

Blog – Você teve altos e baixos em sua carreira?
Edu – Não. Minha carreira foi regular. O único momento de descontentamento foi quando sai do Santos. Estava chateado com alguns dirigentes.

Blog – Como o senhor vê a situação do Ronaldo, Adriano, Ronaldinho Gaúcho e outros jogadores que estão sempre envolvidos em polêmicas extra-campo?
Edu – Acho que a mídia é muitas vezes maldosa. Quando o jogador está no momento de descanso ele pode sair. O que não pode acontecer é interferir no desempenho dele dentro de campo. Por que ninguém fala do Joãozinho!? Falam dos famosos porque dá audiência.

Blog – Além do Santos você jogou em outros times, inclusive no Corinthians em 1977. Esse título tem um sabor especial por ter quebrado o jejum de títulos?
Edu – Eu mais ajudei o time, joguei pouco. O importante foi ganhar o título. Em todos os times que foi eu ganhei. Isso é importante. O fato de não ganhar um título há 24 anos e participar da conquista de 77 foi legal.

Blog – Você também jogou no Inter da década de 1970. Era um time diferente?
Edu – O time estava em transição. Joguei apenas 3 meses, mas joguei com Falcão, Valdomiro, Benitez...Mas era um time que estava mudando os jogadores.

Blog – A seleção de 1966 teve a pior campanha brasileira na história da Copa. A seleção de 2006 tinha bons jogadores, mas fez uma campanha decepcionante. Muitos falam que a preparação foi determinante. O senhor concorda?
Edu – Eu acho que a seleção de 1966 errou na convocação. Foi feita uma lista antes com 47 nomes e alguns jogadores não poderiam ter ficado de fora da convocação final. Para a seleção de 2006 acho que faltou um pulso firme do treinador. Alguns jogadores não poderiam ter jogado.

Blog – O senhor participou da seleção de 1970 de 1974, mas jogou pouco nas duas. Por quê?
Edu – Eu joguei as eliminatórias para 1970 como titular. Mas depois que o Saldanha saiu e eu tive poucas chances com o novo treinador. Em 1974 foi o mesmo, o Zagallo me escalou em poucos jogos.

Blog – Era algo pessoal ou apenas técnico?
Edu – Era a maneira dele de armar o time. Fazer o que. Joguei pouco nas duas Copas, mas poderia ter jogado mais.

Blog – Você viu a Holanda de 74 jogar. Era uma seleção especial?
Edu – Tecnicamente era normal. Ninguém fazia nada de diferente. O que diferenciava era que a Holanda tinha uma tática muito boa, esse era o diferencial. Mas ela não ganhou nada...

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